Rancho típico de veraneio - início século XX
O tempo de veraneio, fica menor a cada ano que passa, apesar do terrível calor que assola até a região litorânea. As pessoas passam menos tempo na praia. Muitos vêm apenas em fins de semana, tal a facilidade de transporte e o baixo poder financeiro.
No início do século passado, até meados de 1940, passava-se um tempo grande na praia. Uma temporada. O acesso ao litoral era difícil. De carreta, levavam oito dias de viagem. Mais tarde, de diligência, inicialmente , gastavam dois dias, depois um dia com troca de parelhas de cavalos.Veio o automóvel, mas as estradas eram para carretas. Construiram estradas. Vieram ônibus. As viagens de automóvel e de ônibus até a década de 50, duravam de 6 a 4 horas. Usava-se um guarda-pó para proteger a roupa da poeira da estrada. Os pelos das narinas, os cílius e as sobrancelhas ficavam russos de pó.
Os veranistas da capital e das grandes cidades do Estado chegavam em início de janeiro e retornavam no final de fevereiro. Geralmente passavam os dois meses na praia.
Década de 30.Imediações do Banco do Brasil.
Em março, a clientela era outra. Chegavam famílias de municípios do interior do estado para veranear. Tinham outros costumes. Não tomavam banho de sol.Nem usavam guarda-sóis. Levantavam cedo. Às oito horas iam para a praia. Não sentavam na areia. Iam direto para o mar ou passeavam pela praia molhando os pés. O banho apresentava certo ritual: Entravam na água devagar, com respeito como quem entra em um templo.Molhavam os pulsos e o rosto. Aspergiam o corpo com água para evitar o choque térmico. Tomavam três goles de água. (nessa época a água do mar era pura). Fazia bem para a saúde. O banho de mar era tratamento de saúde. Entravam com água até os joelhos. Abaixavam-se quando vinha a onda. Contavam nove ondas. Essa era a medida do banho.Não sei se por simpatia, ou se tinha alguma coisa a ver com novenas...
Na cidade faziam passeios pelas ruas, em grupos. Era o pai, a mãe a numerosa prole, os sogros, algum cunhado... As roupas simples, sem a modernidade da capital, o comportamento típico de pessoas que moram no interior ,caracteriazava o veranista de março.
A população residente batizou esse tipo de veranista de " Nove Ondas". Quando chegava março e viam um grupo de pessoas passeando pelas ruas, diziam: "Já chegaram os "Nove ondas".
O carnaval determinava o término do veraneio. Quando o carnaval acontecia em meados de fevereiro, não interferia muito. O veraneio continuava. Meio sem graça, mas continuava. Mas quando o carnal caía em final de fevereiro, não ficava uma viva alma no litoral.
Atualmente, o carnaval e a mídia mandam todo mundo embora, até mesmo aqueles que não têm compromisso em suas cidades. O poder da mídia é muito grande. Nos jornais, as manchetes determinam: "Fim de temporada! Volta às aulas!" Só falta dizerem: "É proibido permanecer no litoral depois do carnaval! Voltem imediatamente para suas casas!..." E a maioria obedece. Reunem suas tralhas e deixam a praia. Nem se dão ao trabalho de pensar que poderiam ficar desfrutando de mais um mês de tranquilidade, de um clima agradável de um mar, muitas vezes melhor do que o de janeiro e fevereiro.
Precisamos fazer alguma coisa para reverter essa tradição.
O verão se estende até 20 de março! O outono começa no dia 21.Ainda há o famoso "verão de maio".
Março é excelente para um veraneio mais tranquilo.
numerosa prole, sogro, algum cunhado, veja só em tempos idos, cunhado já era visto como um agragado ao sistema familiar, bela matéria, muito bem focada, proporcionando um a leitura de descobertas, de desafios, pra ver até onde foi a evolução neste trecho do tema, adorei andar por aqui, amealhei cultura ao meu ser, parabéns Á AMIGA lEDINHA
ResponderExcluir