Setembro aproxima-se.Semana da Pátria vem aí. Eis um texto sobre a Região Litoral Norte nos anos 40.

FOGO SIMBÓLICO?...

BOITATÁ? ...

O TIRO DE GUERRA, criado em 14 de maio de 1928, em Conceição do Arroio (Osório ) , veio favorecer o jovem desta região , que poderia prestar serviço à Pátria sem se afastar de seu meio social .
Tramandaí, como todo o litoral gaúcho, por muito tempo sofreu um isolamento cultural. De março a dezembro não havia presença de veranistas cujas casas se fechavam em março, para se reabrirem somente na temporada seguinte.
A população residente, durante a baixa estação", ocupava-­se da pesca e do comércio inexpressivo . Sobrevivia do pouco que o trabalho de dois meses lhe rendera. Pouco a fazer havia no inverno , sobrando muito tempo para causos, contos e lendas... Vestir ‑se de fantasma e sair à noite para assustar as pessoas era um divertimento muito apreciado. Histórias de assombração e aparição passavam de boca-em-­boca no pequeno povoado . A cabeça das crianças e dos adultos guardavam histórias horripilantes!
Por volta de 1942, um jovem de Tramandaí, fora servir no TIRO DE GUERRA, em Conceição do Arroio, hoje cidade de Osório. Aproximava-se o mês de setembro. No dia primeiro, o Fogo Simbólico costumava sair da cidade onde nascera algum herói da pátria ou de um lugar onde ocorrera algum fato histórico expressivo. Militares ou atletas acendiam uma tocha nessa fonte ardente e iam levando esse fogo a todas as partes do território brasileiro. Cada cidade destacava grupos de militares ou atletas para irem ao encontro do Fogo Simbólico para acenderem a tocha que seria levada à sua cidade, onde grande parte da população, numa demonstração de civismo, aguardava a chegada do grupo com espocar de muitos fogos de artifício
A turma do TIRO DE GUERRA de Conceição do Arroio (Osório) foi destacada para buscar a tocha ardente perto de Santo Antônio da Patrulha .
O jovem de Tramandaí, a quem vamos chamar de Mundinho, nunca ouvira falar em FOGO SIMBÓLICO, mas não perguntou nada a ninguém. Ficou pensando lá com seus botões": *Fogo Simbólico?... Será que tem a ver com Boitatá ?... Meu Deus! ".
Não podia fugir, nem demonstrar medo para não servir de chacota aos companheiros... À noite, um caminhão de carga ia distribuindo soldados, um ‑ a ‑ um, ao logo da estrada R-30 , que liga Osório a Santo Antônio da Patrulha. Mundínho ficou nas imediações da Lagoa dos Barros. A noite estava muito escura . Há pouco tempo, nesse local, ocorrera um crime que abalou o Estado do Rio Grande do Sul: Ao sair de um baile o noivo matou a noiva, Maria Luíza, moça da alta sociedade de Porto Alegre,jogando-a nesta lagoa com uma pedra amarrada ao pescoço.

Mundinho, sozinho à beira da estrada, entre o matagal que se alteava próximo à lagoa, só pensava no fantasma da moça que a qualquer momento, poderia emergir das negras águas da misteriosa lagoa ... Pensava também em tantas outras aparições que costumavam se manifestar naquelas águas ...
De repente, urna coruja pia de um jeito agourento e, num farfalhar de asas, cruza rente à cabeça de Mundínho que quase desmaia. Olhos arregalados, cabelos em pé, um arrepio lhe faz estremecer todo o corpo. Refeito do susto, olha ao longe. Para sua aflição, vê um fogo em movimento: ora sobe ora desce, ora vai para um lado, ora vai para outro ... Seu coração dispara . É demais !... Descontrolado, solta um grito de horror que ecoa no meio da noite:
‑ É o Boitatááááááááá!...
Imóvel, branco como cera, não arrisca sair do lugar.O fogo cada vez se aproxima mais. Mundínho vai se refazendo à medida que distingue, na escuridão, a presença de seus companheiros. Entre eles, um traz uma tocha de fogo com a mão erguida acima da cabeça.
O soldado que trazia o FOGO SIMBÓLICO entregou ‑ o para Mundinho, dizendo:
‑ É a tua vez ! Corre e entrega para o próximo que está na estrada, mais adiante!...
         Naquele dia, Mundinho entendeu o que era FOGO SIMBÓLICO

(Do meu livro Contos e Lendas da Região - pp.8 e 9 - esgotado).





 A ORIGEM DO FOGO SIMBÓLICO DA PÁTRIA
   O “FOGO SIMBÓLICO DA PÁTRIA” surgiu em 1937, como idéia de um grupo de patriotas, no Rio Grande do Sul, que procurava um símbolo que representasse o ardor cívico do nosso povo. A escolha recaiu sobre o FOGO, elemento cuja  descoberta  deu início a evolução do homem.
   Levada a idéia à  LIGA DA DEFESA NACIONAL, foi acolhida com muito entusiasmo, sendo complementada com o acréscimo de que o FOGO SIMBÓLICO DA PÁTRIA deveria percorrer o território nacional, numa corrida de revezamento que iria ser denominada CORRIDA DO FOGO SIMBÓLICO DA PÁTRIA
   Assim, em 1938, foi realizada uma pequena corrida, num trecho de 26 km, entre as cidades  de VIAMÃO e de PORTO ALEGRE, constituindo-se  ela na

                          1ª CORRIDA DO FOGO SIMBÓLICO DA PÁTRIA. 

Texto extraído da Internet

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