Na Feira do Livro de Capão da Canoa cada escritor da Academia (AELNG) foi agraciado com quatro obras da Academia Literária Feminina do R.G.S.
Terminei a leitura de um desses livros: Autobiografia de Lydia Moschetti, segunda edição, uma homenagem à fundadora da A.L.F.RGS.
Lydia (Bastogi Giannoni) Moschetti, nasceu no ano de 1896, em Fucecchio,Toscana,Norte da Itália. Teve uma infância e adolescência muito tristes e sofridas que a marcaram por toda a sua vida. Viveu numa época em que a sociedade era extremamente preconceituosa e a educação rígida era calcada no castigo físico e moral, com terríveis ameaças de um Deus implacável. As classes sociais, menos favorecidas, eram discriminadas, sendo privadas do acesso às artes.Deveriam contentar-se com a pobreza extrema porque era "vontade de Deus".
Lydia, no entanto, era uma criança sensível. Filha de um nobre casado com uma plebleia, sem amor.Pai extremamente autoritário tanto com os filhos quanto com a esposa. Mal provia o sustento da família. Era injusto, rigoroso e poderiamos dizer, desumano em suas relações familares. Não havia relação da família com os avós paternos. A mãe conformava-se com a vida que levava porque achava que "Deus assim o quer".
Mas... Lydia, embora criança, percebia que a vida que levavam não era justa. A polenta mal dava para saciar a fome das crianças. A cada dois anos nascia um filho. Já eram 10. A única filha que tinha permissão para visitar os avós era Lydia. Nessa horas, ela brincava com ricos brinquedos, vestiam-na como nobre para não destoar das primas que pareciam princesas. Depois voltava para casa onde reinava uma vida de miséria, onde não havia amor,a não ser o da mãe pelos filhos, mas um amor conformado, submisso, sem esperança...
As crianças não tinham brinquedos e eram proibidas pelo pai de brincarem na rua. Além da miséria eram "prisioneiros" Só mais tarde, quando o governo determinou ensino obrigatório, as crianças conseguiram sair de casa, mas se deparavam com o rigor da disciplina escolar que ia da palmatória a outros castigos físicos e morais.
Lydia não se conformava com a fome, com o autoritarismo do pai, com a submissão exagerada da mãe que não tinha voz nem vez...E essa menina começou a se revoltar contra a religião, contra a injustiça social e prometeu para si mesma reverter essa situação. Se Deus era perfeito, não poderia ser injusto e querer o mal da humanidade.Não aceitava o que o catecismo pregava. E se revoltava com as diferenças impostas pela sociedade.
Sofreu muito por sua personalidade forte. Era capaz de enfrentar situações de injustiça com as quais não concordava, desafiando a autoridade. Em várias situações da vida, na defesa de colegas injustiçadas, levava castigos ainda mais fortes. Porque não conseguiram sufocar ou modificar sua maneira (avançada para a época) de ver a vida, foi para o internato para "aprender a pensar como todos da época". Então, sofreu os piores castigos que ficaram no arquivo de sua atormentada mémória para o resto de sua vida.
Sobreviveu. Tornou-se cada vez mais forte e sempre com a determinação de vencer na vida para tirar sua mãe da miséria.
Seu pai, para a alegria das crianças, abandonou a família e veio para o Brasil.
Depois de algum tempo, Lydia, aos nove anos, veio com sua mãe para o Brasil.
No Brasil, lutou, lutou, lutou...para conseguir emprego. Não desistiu. Tornou-se cantora de ópera, na época em que havia grande preconceito com relaão ao artista. Até sua mãe não se conformava com essa sua atividade e sentia vergonha da profissão da filha. Mas Lídia embora vivesse no meio artistico, conservou-se íntegra, embora continuasse a sofrer o preconceito da própria família, sentindo-se rejeitada. Não era feliz.
Lydia sempre se preocupou com os desfavorecidos, pois sabia o que era passar fome. Certa vez, ainda na Itália, mesmo na sua pobreza, ficou penalizada quando encontrou um menino cego e que pedia comida porque havia perdido seus pais e ficara sozinho na vida com os irmãos. Lydia deu seu único pedaço de polenta a ele e prometeu ao menino e a si mesma, que haveria de fazer alguma coisa pelos cegos e pobres.
Depois de muita luta, muito trabalho, casou-se.Morou em Porto Alegre e dedicou-se também à assistência social. Entre tantas instituições que ajudou a fundar está o Instituto Santa Luzia de Porto Alegre, uma escola profissional para cegos.
Sofreu muito em sua vida porque queria resolver o problema social...
Era uma mulher de visão, humanitária, determinada, moderma para a sua época. Não foi feliz plenamente porque as diferenças sociais a incomodavam.
Em 12 de abril de 1943, reuniu as intelectuais de Porto Alegre e com elas fundou a academia Literária Feminina do R.G.S.
ACADEMIA LITERÁRIA FEMININA DO R.G.S.
Professora Leda Saraiva Soares, nascida em Osório em 05 de dezembro de 1939. Desde a mais tenra idade reside em Tramandaí. Licenciada em Língua Portuguesa e Literatura – PUCRS em 1975. Casada com Noel José Soares (Cirurgião-Dentista) com o qual tem cinco filhos: Alexandre, José, Jaqueline, André e Rafaela e 11 netos. Neta de comerciante pioneiro que se radicou em Tramandaí em 1916, Sr. Fernando Silveira do Amaral. Porque tem raízes nesta terra, dedica-se à pesquisa da história da região litorânea.
Obras: “Tramandaí terra e Gente” - com Sônia Purper; “Imbé Histórico Turístico”; “Contos e Lendas da Região”; “O Reino Encantado do Peixe-Rei”; “Tramandaí, Lembranças a Granel”; “A Saga das Praias Gaúchas – de Quintão a Torres, mais de um século de história” – Martins Livreiro-Editor; vários opúsculos e publicações em revistas e jornais.
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Um belo texto, mostra a intelig~encia e dedicação da nossa Professora Ledinha, felizmente o carinho com que a todos trata permite-nos assim chamá-la professora Ledinha, agora somos contemplados com este lindo texto, pra vc amiga bjos, bjos e bjosssssssss
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